Estudante de Austin
May 06, 2006 |
O irmão mais novo dos Hanson conta as últimas novidades à estudante
Por Amanda Hensel
São 8 horas da manhã de uma segunda-feira de novembro. O céu está azul e sem nuvens em Bloomington, Indiana, e o ar está gelado. É uma manhã aparentemente normal para os estudantes da Universidade de Indiana. O tempo não os intimida; vestindo apenas jaquetas leves, eles carregam mochilas pesadas e andam apressados para as salas de aula. Mas, no topo de um prédio da universidade, há uma fila de uma dúzia de garotas, todas em sacos de dormir. A fila está organizada de modo a não atrapalhar a passagem. Muitos passam e olham sem entender nada. Esta não é uma manhã como as outras na universidade; estudantes passando mal de tanto estudar à noite dentro do prédio abafado é uma ocorrência comum na universidade, mas pessoas acampando no frio, não. Nenhuma das garotas acampadas na fila é estudante da Universidade de Indiana. Na verdade, nenhuma delas é de Indiana.
Elas são fãs dos Hanson, e vieram direto do show deles na noite passada em Cincinnati, Ohio. Muitas delas estão aproveitando para recuperar as horas de sono perdidas e poucas parecem se incomodar com a curiosidade dos estudantes e professores. As garotas já estão bastante acostumadas com a reação de surpresa das pessoas quando estas as vêem dormindo ao ar livre, faça chuva ou faça sol. Afinal, elas fazem isso há nove anos.
Dentro do prédio, no corredor, outra fila se forma rapidamente. Corre um boato de que o grupo pop Hanson, o qual foi indicado ao Grammy de 1998, está no campus. Os estudantes que passam por lá param para ver o que está acontecendo. “Um filme.†“Os Hanson estão aqui.†“É, aqueles Hanson mesmo. MMMBop.†Uma mulher abre a porta do auditório e põe a cabeça pra fora. E anuncia que os estudantes que apresentarem a carteirinha irão entrar primeiro. Fãs entrarão por último, caso sobre lugar. As fãs lá fora estão sabendo da fila lá dentro, mas nenhuma delas quer se arriscar a perder o seu lugar na fila do show que ocorrerá ali de noite, mesmo que lá dentro esteja bem mais quentinho. Elas estão lá pela música.
Elas estão recuperando o tempo perdido – perÃodo na história dos Hanson que elas chamam de “seca†–, o perÃodo de três anos entre dois álbuns, quando os Hanson estavam no estúdio, enfrentando problemas com a gravadora, lutando para conseguir lançar o álbum. E os fãs mais hardcore dos Hanson já viram o documentário, quando este foi exibido em um evento exclusivo para fãs, em maio passado.
É isso o que levou os Hanson à Indiana. Durante uma parada entre shows em Ohio e Illinois, os Hanson visitaram a Universidade de Indiana para apresentar o documentário “Strong Enough to Break†aos estudantes, e fazer um show.
“Os eventos que estamos realizando nas faculdades são uma excelente oportunidade para conversarmos com os estudantes sobre a nossa paixão pela música independente,†disse Taylor, o irmão do meio. “O documentário meio que mostra à s pessoas de onde nós viemos e por que viramos independentes.â€
Em uma hora, os Hanson conseguiram lotar o auditório. Os estudantes esperam na fila para entrar, na esperança de fazer uma pergunta à banda durante a sessão de perguntas e respostas, ou simplesmente ganhar um CD de graça, como fora prometido àqueles que participassem do evento.
Inicialmente, Ashley Greyson, que estava por trás das câmeras durante a gravação do documentário, veio com a idéia de filmar o processo de gravação do álbum. Para surpresa de todos, o documentário assumiu proporções inesperadas e se transformou em algo completamente diferente. “Strong Enough to Break†mostra as dificuldades e problemas que os Hanson tiveram com a gravadora durante a gravação de seu álbum mais recente, Underneath.
“O documentário trata dos problemas que existem na indústria,†disse Zac, o irmão mais novo dos Hanson. “Se você conversar com os artistas, ou com qualquer um que tenha conhecimento sobre o funcionamento da indústria, eles concordarão que há problemas envolvidos na gravação de álbuns: como eles são feitos, quanto tempo leva para fazer e a quantidade de dinheiro envolvida. E, em muitos casos, as gravadoras não sabem o que fazer com os álbuns, e muitos nem são lançados!â€
Em 1997, os irmãos Hanson estampavam pôsteres com as suas bochechas rosadas e chamavam a atenção do mundo com suas canções pop. Eles lançaram o seu primeiro álbum, Middle of Nowhere, pela Mercury Records quando tinham apenas 16, 14 e 11 anos de idade, e venderam 11 milhões de cópias. Eles invadiram as ondas de rádio com o seu primeiro single, “MMMBopâ€, o qual atingiu a 1ª posição na parada da Billboard (Top 100) e tocou nas rádios durante a primavera e o verão de 97.
Quando a Mercury Records se fundiu com a Island Def Jam, os Hanson foram junto.
Em maio de 2000, os Hanson lançaram outro álbum, This Time Around, o qual foi seu primeiro e único lançamento pela IDJ Records. O álbum deu origem a dois singles de sucesso comercial – sendo que um deles, “If Onlyâ€, permaneceu na parada do TRL da MTV durante 60 dias, sendo forçado a se retirar da parada após esse perÃodo.
Os Hanson fizeram uma turnê no outono de 2000, que passou por 48 cidades, para mostrar o álbum novo e outras músicas que eles haviam feito. Após o término da turnê, no fim de novembro, os Hanson não viam a hora de entrar no estúdio para gravar o próximo álbum.
“Nós começamos a fazer este álbum em 2001 e só querÃamos gravar algumas demos e depois já partir para a fase final da gravação,†disse Zac no começo do documentário. “Não podÃamos imaginar que tudo isso fosse se transformar em algo muito maior.â€
É o Zac quem narra o documentário. Este mostra o conturbado perÃodo de três anos que os Hanson tiveram que enfrentar, desde o tempo que passaram dentro do estúdio de gravação até as inúmeras conversas telefônicas e reuniões que tiveram com a IDJ, a fim de resolver suas diferenças em relação ao rumo que o álbum deveria tomar.
O representante da IDJ, que trabalhou com a banda durante o processo de gravação do álbum, faz o papel de vilão da história que narra a vitória dos Hanson sobre o “monstro corporativoâ€. “Ele era o cara que controlava todo o processo de gravação,†disse Zac. “Quando não se tem conhecimento sobre como se faz música, como você será capaz de fazer um bom trabalho no A&R (departamento artÃstico de uma gravadora)?â€
Zac faz questão de ressaltar que o documentário não é única e exclusivamente sobre esse cara; este representa um conjunto de pessoas que trabalham na gravadora. “Ele é só um dentre vários,†disse Zac. “Há tantos caras como ele! Ele tem diploma de direito da Harvard. Cara inteligente. Pessoas burras não têm esse diploma. Mas ele não tem crédito nenhum pra ser o chefe do departamento artÃstico.†Ele é bom com números, mas isso não faz com que excelentes álbuns sejam produzidos. Isso não irá ajudá-lo a escolher o produtor ideal para uma determinada banda, a saber como as coisas funcionam no estúdio, como é o processo de composição das músicas, como as coisas funcionam com a gente.â€
O documentário possui boas doses de humor e provoca muitas risadas no público, mas também mostra os Hanson passando por sérias dificuldades. O documentário atinge o clÃmax ao retratar o ano de 2003, quando a banda abandonou a IDJ e deu inÃcio ao seu próprio selo independente, 3CG.
Após o fim do documentário, os Hanson se sentam em frente à tela e respondem perguntas da platéia.
“Eu posso cantar no palco com vocês hoje à noite?†perguntou uma garota no microfone. “Por favor, façam perguntas relacionadas ao documentário,†disse Taylor pela terceira vez. Nota-se uma certa frustração em seu tom de voz.
Ele toma outro gole de seu café e chama a próxima pergunta. Com tantas visitas matutinas a universidades e shows noturnos que vão até depois da meia-noite, não é fácil manter o pique. Não é a cafeÃna que os leva a continuar firmes e fortes – é a paixão. Eles continuam a sua pregação sobre os podres da indústria musical, na esperança de provocar alguma mudança. Porém, os Hanson disseram que, se não