Apresentação carioca do Hanson é tranqüila
A banda retornou ao Claro Hall para o terceiro show da turnê brasileira de Underneath

por Andressa Zanandrea
Editora de Comportamento


Após mais de quatro anos desde a última apresentação no Rio de Janeiro, em novembro de 2000, o Hanson voltou ao palco do Claro Hall em 13 de março. Desta vez a banda preparou um show acústico, para promover o lançamento do novo CD, Underneath. Ao contrário do que houve na outra ocasião, o trio se apresentou sozinho, sem músicos adicionais, o que possibilitou um contato mais próximo e íntimo com o público.

No show anterior, a casa ainda se chamava ATL Hall e teve lotação esgotada. Desta vez, foi bem diferente. Apenas cerca de 1,5 mil ingressos foram vendidos – a capacidade da casa é de 8 mil pessoas. Um número inexpressivo, mas, ao considerarmos se tratar de uma banda que ficou afastada da mídia brasileira por cerca de quatro anos, e que o show, além de ter sido realizado num domingo à noite, tinha o valor de R$ 80 para o ingresso mais barato, já era no mínimo previsível que isso fosse acontecer.

Por um lado, a platéia reduzida possibilitou um aproveitamento melhor do show. O empurra-empurra dos fãs mais afoitos ficou concentrado à frente do palco. Mas quem estava lá para curtir o som da banda sem grandes chiliques, pôde fazê-lo confortavelmente. Nem os camarotes e as poltronas superiores tiveram grande ocupação.

Apesar do desejo de se desvencilhar do antigo rótulo de boy band, 90% da platéia era composto por mulheres, provavelmente fãs da banda desde os idos de 1997, quando o hit MMMBop invadiu o mundo. Ao longo da apresentação, algumas meninas – e outras já nem tão meninas assim – desmaiaram e tiveram de ser levadas para a enfermaria. Mas mesmo com a empolgação das fãs, que cantavam energeticamente as músicas do novo álbum, a estrutura da casa resistiu bem e não ocorreram incidentes desagradáveis.

Versatilidade

Graças aos mais de 10 anos de experiência adquirida ao longo da carreira, o trio se mostrou bem preparado e seguro no palco. A destreza dos três aos vários instrumentos contou pontos. Taylor Hanson faz muito bem o seu papel de conduzir a banda, que parece mais integrada, bem preparada e satisfeita que antes.

Os destaques no show carioca foram as animadas Get Up and Go, Rock ‘n Roll Razorblade e Lost Without Each Other, uma das melhores músicas – se não a melhor – do novo trabalho. Também chamaram a atenção a faixa-título, Underneath, em que houve a participação do baterista Zac com uma gaita, e When You’re Gone, tocada pelos três irmãos ao violão.

Os solos escolhidos foram Broken Angel, tocada pelo baterista Zac ao piano; a cover Ain’t no Sunshine, de Bill Withers, cujo início foi conduzido pelo violonista Isaac, mas completado por Taylor e Zac na bateria e no piano logo após; e Save Me, música da novela Laços de Família, tocada ao piano por Taylor. Segundo ele, a performance se tratava de um presente para o público, que se lembrou de seu aniversário - o qual aconteceria no dia seguinte - e cantou Happy Birthday to You. Na verdade, foram poucos, mas os que o fizeram, estavam bastante empolgados.

Quase no final do show, após a performance de MMMBop, tanto a platéia quanto os músicos pareceram muito mais empolgados. O público pulava, aplaudia e cantava ao longo da música e das seguintes, como You Never Know e This Time Around. As performances dos trabalhos antigos foram de qualidade muito superior às apresentadas nos CDs.

Os sucessos I Will Come to You e If Only também estiveram presentes no setlist. Surpreendentemente, a banda fechou a apresentação com With You in Your Dreams, música que faz parte dos primórdios de sua carreira.

O show surpreendeu àqueles que não são fãs, mas passaram pelo Claro Hall para conferir a apresentação da banda. "Foi muito bom. Confesso que pensava que iria me arrepender de ter vindo, mas ele estão muito bons", declarou o estudante Ricardo Santos, 25 anos.

Em entrevista a paradoXo, Isaac Hanson manifestou a vontade do grupo de retornar ao Brasil em breve. "Os fãs brasileiros são sempre maravilhosos. É sempre muito bom tocar aqui, e esperamos voltar muito em breve".

Show de abertura
Boa parte do público teve sorte por ter chegado ao Claro Hall após a apresentação da banda de abertura. É indiscutível que a produção pecou ao colocar o B5 para abrir todos os shows da turnê brasileira do Hanson. Enquanto Isaac, Taylor e Zac se mostram maduros o suficiente para fazerem uma apresentação sozinhos, sem parecer que falta algo no palco, falta ainda muita maturidade ao B5.

A presença de palco dos garotos é péssima – o extinto Gorillaz mandava melhor que eles –, e o alcance vocal deles também é desprezível. Não dá para ouvir direito uma só palavra que eles cantam, e os meninos parecem marionetes ou bonecos de ventríloquo no palco. Eles não conseguem levantar o público, que quando participa, o faz durante os covers, como Boulevard of Broken Dreams, do Green Day.

Falta também humildade aos B5, que ainda têm muito que aprender. Quem sabe os rapazes do Hanson não tenham dado algumas dicas a eles e sirvam de inspiração para algo além do corte de cabelo do vocalista Leonardo, descaradamente baseado no de Taylor Hanson... Resta saber se eles irão segui-las.

Fotos: Andressa Zanandrea e Márcia Magalhães